A Jamaica Brasileira

“Os marinheiros da América Central que desembarcaram aqui nos anos 70 trouxeram muitos discos de reggae, que usavam como pagamentos por serviços na cidade. Outra teoria para explicar essa relação aposta nas ondas de rádios caribenhas que invadiam os aparelhos maranhenses e criaram uma familiaridade do ritmo com as populações de baixa renda, nas periferias”,

Carlos Benedito Rodrigues da Silva, antropólogo do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal do Maranhão e autor do livro “Da terra das primaveras à ilha do Amor: reggae, lazer e identidade cultural.

Existem diversas teorias que pensam sobre os motivos que levaram o ritmo jamaicano a se difundir tão profundamente na capital maranhense. A íntima relação entre os moradores da cidade e o som que ganhou o mundo na voz de Bob Marley transformou o Maranhão na Jamaica brasileira.

A semelhança entre as radiolas – paredes de caixas de som que promoviam festas na rua da cidade – com os sound systems jamaicanos também ajudou na disseminação. A partir dos anos 80, com o boom mundial, as radiolas abandonaram os ritmos mais acelerados que rolavam na época e passaram a tocar muito reggae, criando um jeito todo próprio de explorar o estilo. O Maranhão é o único lugar do globo onde se dança reggae coladinho, a dois.

Apesar de ter se criado nas periferias, a cultura regueira de São Luís dominou a cidade inteira e hoje é motivo de orgulho local. O verde, o vermelho e o amarelo que marcam o estilo se misturaram definitivamente às cores da cidade, e a good vibe do som caribenho embala turistas e locais.

Fonte: Revista Trip